A Biblioteca Científica Pessoal de Orlando Ribeiro

Doada por disposição testamentária ao Centro de Estudos Geográficos de Lisboa (CEG), a Biblioteca Científica pessoal de Orlando Ribeiro é constituída por 13 389 títulos. A doação corresponde a um objectivo de reunião de recursos de informação, que vem na linha do seu espírito de total entrega em prol da comunidade científica a que pertenceu, e que ajudou a renovar e desenvolver. Foi também nesse sentido que o Instituto de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto recebeu a doação das publicações em duplicado da sua biblioteca e da biblioteca do CEG.

Para tornar efectiva a doação ao CEG, foi necessário organizar um projecto visando o processamento bibliográfico da colecção, de modo a permitir a disponibilização do respectivo catálogo na Internet. A execução deste projecto foi levada a cabo por uma equipa de profissionais (ver a ficha técnica), coordenada por Joaquina Feijão e que contou com o apoio científico de Suzanne Daveau. Numa primeira fase (2001-2003), o projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Em 2004, recebeu subsídios da Fundação Calouste Gulbenkian. A catalogação foi ultimada ao longo do ano 2005.

A história da Biblioteca pode ser resumida como segue. Ela reúne fundamentalmente as obras que Orlando Ribeiro começou a adquirir desde que era estudante. O livro mais antigo parece ser a Notícia sobre a carta hypsométrica de Portugal, de Paul Choffat (1907), assinada por ele com a data de Dezembro de 1929. Em 1966 a biblioteca foi enriquecida com as obras que Suzanne Daveau trouxe então de França, tendo sido instalada nesse ano na casa de Vale de Lobos. A Biblioteca continuou sempre a crescer por compras, ofertas e trocas. Na catalogação, foram consideradas as obras adquiridas até 2004.

Para além do seu valor de documento científico, o catálogo agora tornado disponível tem o interesse de dar a conhecer 3218 dedicatórias de autores muito diversos. Todas elas foram digitalizadas e estão acessíveis a partir dos registos bibliográficos. Destas dedicatórias pode inferir-se a teia de relações de Orlando Ribeiro e de Suzanne Daveau com personalidades de relevo nas mais variadas áreas, que não se confinam ao meio académico. Nalguns casos, ficou apenas o registo, mais ou menos lacónico, da admiração pelo homem e pelo cientista; noutros, está patente a grande proximidade afectiva, como no caso de Manuel Viegas Guerreiro, que regista a sua assinatura com o diminutivo “Blé”, do poeta Ruy Cinatty que carinhosamente se dirige “a Orlando Resingão”, ou de Georges Zbyszewski que brinca com a expressão “S. M. Agakham Ribeiro II”, ou, ainda, as extensas e bem-humoradas dedicatórias com que Vitorino Nemésio alude às viagens feitas em conjunto. Em poucos casos, foram também reproduzidas dedicatórias dos que foram os seus mestres, como Manuel Ramos e Leite de Vasconcellos, para sugerir as ofertas que deles recebeu.

   

(Fotografias © Duarte Belo)


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